segunda-feira, 30 de maio de 2011

Surdos fazem manifestação no gramado do Congresso


19/05/2011 - 20h55


Fábio Góias

       Cerca de 100 surdos, intérpretes da língua de sinais e seus familiares, vindos de todo o país e munidos de velas acesas, ocuparam no início da noite desta quinta-feira (19) o gramado em frente à entrada principal do Congresso. Representados pela Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis), eles estão em Brasília para dois dias de reuniões e manifestações, em mobilização a ser encerrada amanhã (sexta, 20), na área externa do Museu Nacional de Brasília, quando serão realizadas diversas intervenções culturais ao ar livre. O objetivo dos eventos, que tiveram início na manhã de hoje (quinta, 19) numa reunião com o ministro da Educação, Fernando Haddad, é sensibilizar as autoridades do setor em relação à política educacional voltada para os surdos. Ao invés do método da inclusão, adotado pelo MEC, os surdos pleiteiam o sistema bilíngue de educação, que consiste na adoção da língua própria. A educação bilíngue, como o nome sugere, implica a adoção de professores especializados na língua de sinais e material didático específico, com foco visual, em todas as escolas do país. Na ocasião, a diretora de Políticas Educacionais da Feneis, Patrícia Luiza Rezende, entregou a Haddad um documento com as solicitações dos surdos, e do ministro recebeu a promessa de que as demandas serão devidamente apreciadas. “Nós sofremos muito com o processo de inclusão, que não é adequado. Revolvemos vir de todos os estados do Brasil para fazer uma manifestação com uma proposta de ensino bilíngue, melhor para os surdos”, sinalizou a presidente da Feneis, Karin Strobel, que também é surda, ao Congresso em Foco, traduzida pela especialista em língua de sinais (Libras – Língua Brasileira de Sinais) Sandra Patrícia de Faria.

        “Às vezes os surdos têm a impressão de que o MEC não entende como deveria ser uma proposta de educação inclusiva de forma adequada. O surdo tem uma língua diferente, por exemplo. Há várias pesquisas que mostram que há muito fracasso escolar na educação dos surdos. A maioria das crianças surdas não sabe ler, tem dificuldade de comunicação”, observou Karin, rodeada de velas cuja luz produzida facilitava a tradução. As velas foram escolhidas para a manifestação, diz Karin, porque servem como luminosa metáfora contra o período “escuro” por que passaram os surdos, em um passado recente. “O que nós estamos buscando agora é a luz. Como a cultura surda é visual, essa luz dá a impressão de que era como se o surdo estivesse cego quando a comunicação acabava, não tinha como visualizar o mundo. Então, estamos buscando essa luz, por meio de uma educação melhor”, acrescentou a dirigente, que tem um filho surdo e diz estar preocupada com a educação que ele receberá no Brasil.

      Karin disse que a manifestação também em frente ao Congresso significa a busca por melhorias para a educação de surdos “em vários lugares representativos”. O grupo promoveu uma audiência pública na Subcomissão Permanente de Assuntos Sociais das Pessoas com Deficiência, que é presidida pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ) no âmbito da Comissão de Assuntos Sociais. O senador petista tem uma filha com síndrome de Down, bem como o deputado e campeão mundial de futebol, Romário de Souza Faria (PSB-RJ). Os surdos esperam que o Congresso também desenvolva políticas que atendam às suas necessidades.

ANÁLISE

            A fala de Karin Strobel interpreta ao repórter é interessante, porque para as pessoas que não conhecem as dificuldades e as lutas que os surdos, de um modo geral, já conquistaram, acham que ela é extremista, mas os surdos em alguns aspectos precisam ser para ter seus direitos confirmados. Por exemplo, se não houvesse uma luta para difusão da Libras (Língua Brasileira de Sinais) nas instituições públicas e privadas, o curso de Letras/Libras nem existia até hoje.
            Então é fato de que, todos nós envolvidos ou não com os surdos, devemos refletir em sua manifestação para solicitar escolas especiais para surdos, porque algum dia todos nós precisaremos aprender a Libras (Língua Brasileira de Sinais) em nossas vidas não por opção, mas por necessidade.
            Nós concordamos que para um melhor desenvolvimento escolar de crianças e adolescentes surdos, a opção mais adequada seria uma escola especial até pelo menos o 4° ano do Ensino Fundamental. Desta forma, a criança surda conseguiria acompanhar junto com a turma de ouvintes, em um nível igualitário de entendimento das disciplinas e assim, tendo uma melhor interação com os colegas de classe. Conclui-se então que, as frustrações das crianças surdas seriam minimizadas perante as crianças ouvintes. Concordamos 100% com os surdos nesta manifestação.

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